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Casamento japonês

As janelas das casas ficavam fechadas
para não entrar ar, que fazia mal; para
não entrar chuva, que dava constipação
e para que as meninas não olhassem lá
fora os meninos que ficavam olhando da
esquina para vislumbrar um rosto, um
cabelo, um sorriso. As moças usavam
sandálias, algumas também ficavam descalças
naquela pobreza honesta e limpa
na rua de terra. De tardezinha todos
participavam de alguma brincadeira inocente,
a melhor era o casamento japonês
em que um grupo de meninos ficava
num lado da rua e as meninas do outro
lado. Uma delas, sempre a mais velha
ficava no meio e dirigindo-se à menina
dizia - Maria quer casar com João? È
claro que a menina dizia que sim, o João
que sim e os dois ficavam de mãos dadas
enquanto durava a brincadeira. Era
tudo combinado, porque todos sabiam
quem gostava de quem na turma. Não
sabemos se alguém casou com alguém
de verdade. O que a gente sabe é que
naquela tarde meio cinzenta de dezembro
ficamos de mãos dadas com a menina
de tranças compridas um tempão
que parecia que não acabava mais e que,
infelizmente, acabou.

Juvenil de Souza nunca
se casou, nem com japonesa
nem com portuguesa.


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