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Olhos doloridos de um cão morrendo


Até hoje os olhos tristes e atônitos dele não saem dos olhos da gente. Eram redondos, pretos como jabuticaba madura, alegres e ligeiros como um serelepe agitado, mas naquela hora de agonia pareciam pedir uma explicação para o que estava acontecendo. No colo do menino, o cãozinho estertorava e os dois sofriam dolorosamente aquele momento tristemente triste e nenhum deles sabia, ainda, que era o último minuto que passariam juntos.
O cãozinho era um vira-lata inteligente, preto com algumas manchas brancas e se chamava Toquinho devido ao tamanho e as pernas curtas. O menino pediu tanto, chorou tanto que a mãe não teve jeito, levou o cão para casa num domingo à tarde.
Dois dias depois, já era a alegria da família. Era puro amor entre o cãozinho e o menino. Uma tarde de domingo, o cãozinho começou a latir sem motivo, recusava a água na vasilha, não comia e espumava pela boca. Ficou louco, disse o vizinho. Não havia veterinário e chamaram o farmacêutico, que confirmou - não há o que fazer.
Precisava ser sacrificado, palavra que o menino e o cãozinho não sabiam o que significava,
talvez algum remédio salvador ou uma dolorida injeção. Chamaram um caçador conhecido, amarraram o cãozinho num pé de árvore e o caçador atirou, certeiro e fulminante.
O menino, que assistia de longe, correu, pegou o animalzinho no colo e ficou agarrado a ele lacrimejando, o nariz escorrendo e uma dor profunda no coraçãozinho palpitante.
Os olhos do cãozinho foram esmaecendo e se apagando, como que dizendo adeus e o menino foi levado para a casa de uma tia na fazenda Amália para esquecer a dor.

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