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O menino

Com um pequeno enxadão quase sem corte o menino desce o trilho de terra batida, chão de areia branca, pedregulhos machucando os pés descalços, calças curtas, boné puído na cabeça de cabelos anelados, uma lata vazia de manteiga na mão esquerda para guardar as minhocas que vai arrancar lá embaixo, junto aos pés de bananeira que só ele conhece.
No domingo, ele e o pai vão pescar. Estilingue no bolso a estrada é velha conhecida; tem marmelo cagão, araticum, marolo, cafezinho, que dá dor de cabeça, uma jabuticabeira do mato de frutas azedas, maracujás do mato, bacupari, goiabas, jatobás, ingás, cabeludinhas, limão bravo e outras frutas da época. Imerso em seus pensamentos, ao lado do pai, sonhava com peixes grandes, um rio manso correndo, uma namorada que ele amaria de todo o coração, um filho que ele levaria para pescar, dias eternos, que a vida não mudaria nunca e fosse sempre como aquele domingo de lanche no embornal de pano, pássaros sentados no arame da cerca, água gelada da mina sorvida pela palma da mão.
Um sonho que a vida levou.

Juvenil de Souza é o verdadeiro Peter Pan. Se recusa a crescer.

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