English French German Spain Italian Dutch Russian Portuguese Japanese Korean Arabic Chinese Simplified

Um amor em Cajuru

Foi há muito tempo, quando aina se ia de trem para Cajuru. A máquina resfolegava na subida do Haras Karin, soltava fumaça, apitava, fazia uma curva, parava na fazenda Amália e descia para atravessar a ponte de ferro sobre o rio Pardo. Dali fazia outra volta, passava pelas estações da Corredeira, Morro Agudo, Itaóca, Sampaio Moreira e finalmente Cajuru.
A estação ficava bem no alto da cidade e a gente descia para a praça principal de canteiros bem cuidados, árvores imensas e muitas flores.
Havia corruíras chilreando e meninas bonitas tagarelando álacres na tarde azul de nuvens brancas. Na sorveteira tinha sorvetes de frutas de fundo de quintal: manga,murici, pitanga, mamão, goiaba, etc.
Havia um rádio tocando música e ficamos sentado nas mesinhas de tampo de mármore para saborear o sorvete inesquecível. Foi naquele momento que vimos a moça lá fora sentada no banco de granito preto, distraída e linda.
Tomamos coragem, força de vontade, cruzamos os dedos e fomos ao encontro dela. De perto, era mais bonita ainda, cabelo liso, lábios sem batom, a pele fresca lembrava antigas pinturas, foi amor à primeira vista. Ela nos convidou para sentar ao lado dela naquele banco e suas palavras eram mais doces que o mais doce sorvete já inventado.
Falamos horas e horas seguidas até o anoitecer quando era hora do trem voltar. Nos apaixonamos em cartas, bilhetes, recados, correios elegantes e às vezes um raro e difícil telefonema até que nunca mais nos falamos e nem nos vimos. E o trem também parou de correr por aqueles trilhos de aço frio como um punhal.

Juvenil de Souza foi telegrafista na Segunda Guerra.

Próxima crônica
Página anterior

Página anterior