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Velha carta amarelada de amor

Dia destes a gente encontrou no fundo do baú uma velha carta amarelada pelo tempo e que nunca foi entregue, envelope lacrado. Ela falava coisas de amor, de promessas sem fim, de beijos ardentes, corações flamejantes na letra escorrida de um azul antigo, escrita com aquelas canetas de pena de aço. Dizia de um impossível beijo apaixonado debaixo
do caramanchão de primaveras floridas, falava de flores, de um passeio dominical à beira do rio no entardecer, sonhos ingênuos do coração juvenil.
Falava da ausência feita de pedra, da surpresa do encontro furtivo na quermesse e do vestido azul que ela usava, as meias cobrindo as pernas no frio do mês de junho, do correio-elegante marcado com um beijo de batom vermelho.
A carta lembrava da bala de coco enjoativa embrulhada no papel crepom, saboreada uma matinê no cinema com filmes de aventura. Marcava encontros para depois da escola, tinha o desenho de um coração flechado partido ao meio. Lembrava o drama “E o Céu Uniu dois Corações”, quando ela chorou no ombro da gente sem saber da paixão infinita que nos separava.
No fogãozinho Jacaré, a carta amarelada arde em cinza fria. Como ardia o nosso coração quando ainda se escreviam cartas de amor.

Juvenil de Souza gravou a marca do Zorro em muitos corações.

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